sábado, 31 de dezembro de 2011

Balanço da temporada

O ano de 2011 chega ao seu final. Ano que deverá servir para uma profunda reflexão para o futebolista brasileiro que em todas as suas instâncias tiveram a sua "supremacia" atacada pelos mais diversas nações que buscam a hegemonia do futebol mundial.

Hoje em um mundo globalizado, não falamos mais dos campeonatos locais para identificarmos o estilo de jogo das seleções nacionais. Pelo menos não na Europa. As grandes ligas europeias são cercadas de jogadores estrangeiros e não formam uma identidade de futebol local. A não ser quando falamos de Alemanha e Espanha, onde em geral os principais times da liga representam o futebol jogado pela sua seleção.

No Brasil, o fiasco da seleção na Copa América, com os pênaltis perdidos, com Neymar, Ganso, Pato, Robinho, etc. não justificando a confiança neles depositadas e seus altíssimos salários fazem com que a situação do futebol brasileiro seja suficiente para acender um sinal amarelo.

No Brasileirão, festa do Corinthians e a consolidação da ascensão do futebol carioca dão o tom do que será o ano de 2012. Mesmo sendo reconhecidamente fraca tecnicamente, a temporada de 2011 caprichou na emoção. Na mediocridade sul americana, apareceu o Santos com os talentos, que se não brilham o suficiente para sustentar uma seleção brasileira, brilharam muito e fizeram lembrar o Santos dos grandes títulos sul-americanos. Porém foi um dos maiores vexames já proporcionados em uma final de título mundial Interclubes.

Esperamos que em 2012 as lições sejam aprendidas e que principalmente os jogadores se conscientizem de sua importância para seus respectivos clubes e passem a brigar mais pelo aumento de nível técnico do que nos bastidores para aumento de seus próprios salários. Os torcedores que lotam os estádios para vê-los torcem por isso.

Marcelo Alves Bellotti

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Deu a lógica - Barcelona Campeão Qual o segredo?

E o mundial de clubes chegou ao seu fim. E deu a lógica, com o Barcelona derrota do o Santos. Mas o que ficou para os amantes do futebol brasileiro foi um sinal vermelho: Nossas estrelas perderam o podermde decisão...

Não acho que isso seja verdade, apesar de reconhecer que hoje existem seleções em estagio bem superior ao da brasileira. O que aconteceu domingo no Japão foi a imposição de um estilo de jogo sobre o outro.

Guardiola jogou sem atacantes fixos e com quatro homens no meio campo. Muricy jogou com três zagueiros e dois volantes. Sem atacantes fixos e com Messi sendo seu artilheiro máximo o time do Barcelona praticamente flutua no seu meio campo.

Messi marcou duas vezes, deu um show, foi sem duvida o maior nome do jogo e segue fazendo história no Barcelona. Qual o segredo? Base forte, respaldo a treinadores? Manter o time? Dinheiro para contratar?

Senhores, o segredo do Barcelona passa um pouco em todas essas soluções. Quem administra o clube sabe planejar o orçamento. Quem comanda o time sabe a forca da base e que tem respaldo para trabalhar. A definição de metas facilita ate a cobrança por resultados, que nem sempre passam por conquistas de títulos.

Neymar mesmo destacou a frase de Guardiola, antes do jogo, que o Barcelona perdeu muito ate chegar a essa fase de conquistas. Como chamamos isso, senhores? Planejamento e visão de futuro, características fundamentais de qualquer empreendedor.

O futebol não e uma ilha diante das grandes corporações, e deve grande parte do seu sucesso a pessoas que levam o esporte a serio, sabem planejar, manejar orçamentos e custos.

Quando o Barcelona ou o Santos decide buscar o seu destino na base, ele não esta fazendo uma opção mais barata, e sim uma opção de investimento a longo prazo. Basta olhar pra base do Santos pra sabermos o que estamos falando. A estrutura vencedora, que revelou Diego, Robinho, Neymar e PH Ganso gasta por mês um orçamento superior a muitos clubes do Brasil. Por essa razão e que não adianta dizer por aí como estão dizendo que a solução esta na base. A solução passa pela base, pelo controle do orçamento e por administradores capazes de canalizar investimentos.

Observo futebol o tempo necessário para afirmar: um time com uma base bem feita, que mantém uma espinha dorsal de um elenco apenas renovando algumas pecas colhe resultados impressionantes. Guardiola e gênio? Não... Fora do Barcelona ele seria tão bom quanto qualquer outro. Mesmo o Messi... Se resolvesse sozinho a sua seleção agradeceria, mas não funciona assim! Todos os jogadores funcionam como pecas perfeitas em uma engrenagem chamada Barcelona. Essa para mim e a razão do seu suçesso!

Mas bem que o Santos podia ter jogado um pouquinho... Que lavada... 4 a 0 fora o baile.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Mundial de clubes deu a lógica

O Mundial de Clubes da FIFA retornou ao Japão, após duas temporadas fora da terra do sol nascente o campeonato voltou e deu a lógica. O Campeão da Libertadores da América enfrentará o campeão da Champions League.

Mais do que isso, o Santos encara o Barcelona. Frente a frente Neymar e Messi se encontrarão no próximo domingo.  O jogo promete ser empolgante. Conhecendo o técnico do Santos, sabemos que ele não vai expor o time, mas sim explorar a retomada de bola e o contra ataque. Por isso a preocupação extrema com as falhas de marcação cometidas no primeiro jogo.  A retomada de bola e a velocidade serão fundamentais no jogo contra o Barça.

Do lado catalão, uma experiência incomum, mesmo com a pouca idade do técnico Guardiola e dos seus comandados. Encaram o Santos de uma maneira muito profissional, assim como fazem nos confrontos contra o Madrid, seu maior rival, ou contra qualquer time em qualquer competição. Declarações politicamente corretas, sem entrar em provocações ou polêmicas.

A missão do Santos é realmente difícil. Recentemente acompanhei um jogo emocionante entre Barça e Milan, no San Ciro, jogo em que a equipe Rossonera jogou demais, mas perdeu para o Barça por 3 a 2. No  jogo contra o Madrid, também fora de casa, o time de Guardiola também saiu atrás. Com paciência e muita posse de bola, virou o jogo.

É sem dúvida o melhor time do mundo, o que pratica o melhor futebol. Caso o Santos supere o time espanhol, a conquista será memorável e digna de registro na história santista, relembrando os grandes tempos do Rei do futebol mundial. Mesmo assim, o Barça seguirá como o melhor futebol do mundo. Foi assim contra o Inter de Gabiru e não será diferente contra o Santos. Não está em jogo decidir qual dos dois é o melhor do mundo, mas sim quem vai ser o campeão mundial interclubes..

Para que os torcedores tenham a exata dimensão do que escrevo, a situação do Santos hoje é a mesma vivida pelo Santo André na final do Campeonato Paulista de 2010. O Santos era disparado o melhor time do campeonato, jogava o melhor futebol do país. Na final o que estava em jogo não era o título de "melhor time", mas sim o de Campeão Paulista.

No domingo, saberemos então apenas qual dos dois times se tornará campeão mundial de clubes. A paixão dos torcedores e da crônica, porém falarão por si caso o time de Vila Belmiro vença. Mas aí, todos estão em seu papel mesmo. Sem paixão, não tem como haver futebol.

Marcelo Alves Bellotti

domingo, 11 de dezembro de 2011

Madrid x Barcelona... mais que um jogo

sábado tivemos a continuação do duelo entre Madrid e Barcelona. Para nós, amantes do futebol, um dos maiores clássicos do mundo... um jogo que praticamente para a Europa. Como hoje, o futebol europeu tem em suas fileiras representantes do mundo inteiro, o clássico tem apelo de mídia em todas as partes do mundo e divide opiniões sobre quem é melhor, Cristiano Ronaldo  ou Messi.

Porém na Espanha é diferente. O sentimento é maior. Estamos falando de um time que representa a coroa espanhola (Real Madrid). Dizem que os times fiéis a coroa Espanhola, permanecem com uma coroa acima de seu distintivo e no seu nome, como Real Bétis, Real Mallorca, etc.

O outro time representa o orgulho do povo Catalão. Povo que na ditadura de Franco foi oprimido e massacrado, não podia se manifestar livremente e que tinha no time de futebol a sua grande forma de expressão de amor a Catalunha. O grito de BARCELONA no estádio era mais do que a torcida por um time de futebol. Era o grito de um povo que queria a liberdade de uma ditadura imunda. Gritar Barcelona era como gritar Liberdade, contra a ditadura de Madrid.

Isso transformou o jogo em muito mais do que uma simples partida de futebol. Os tempos mudaram, mas fica a mística do encontro, que é diferente dos demais clássicos. São ao todo 109 anos de história de heróis e vilões. É o jogo dos jogos. Madrid representando a coroa espanhola e Barcelona (é Més que un Club)

Marcelo Alves Bellotti

No fim... deu Corinthians

Vão falar que o time foi campeão apesar do técnico Tite, famoso por privilegiar esquemas defensivos em detrimento do "verdadeiro futebol brasileiro".  Podem falar também que foi o pior nível técnico dos últimos anos no futebol brasileiro.

Tudo isso é verdade! Mas no final, deu Corinthians em um joguinho safado contra o Palmeiras e outro clássico sem-vergonha entre Vasco e Flamengo. Lembro-me dos jogos decisivos de Brasileiros antigos. Em 86, por exemplo, fui acompanhar a final entre São Paulo e Guarani. que diferença!!

Mas ganhou o melhor! Se o título ficasse nas mãos do Vasco, o título ficaria com o melhor futebol... com o Timão, o título ficou com o time de melhor média, melhor defesa... o time mais regular e que mais liderou o campeonato. Em ambas as situações, seria mais do que merecido.

No Corinthians, destaque para sua dupla de volantes, Ralf e Paulinho. No Vasco, Diego e Dedé se destacaram na campanha. Belo campeonato. Fórmula aprovada! 

Marcelo Alves Bellotti

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Bebo, Fumo e Penso!

O futebol brasileiro perdeu no domingo um grande personagem. Faleceu Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira. Sócrates começou a sua carreira no Botafogo de Ribeirão Preto, mas o seu melhor desempenho como profissional foi defendendo o Corinthians. Chegou em 78 e permaneceu até 1984, período que conquistou três campeonatos paulistas. Jogou na Fiorentina da Itália, depois retornou para o Brasil, jogando no Flamengo e no Santos.

Pela seleção Brasileira, jogou desde 1979 até a Copa de 1986. Não marcou a sua carreira por muitos títulos, mas sim pela sua personalidade e por lutar por aquilo que acreditava. A partir de 1981 ajudou a conscientizar os jogadores a começar pelo fim da concentração e depois pela participação do jogador de futebol nos processos de decisão de um time de futebol. Tudo era votado, como escolha do técnico ou de um novo jogador. Porém cada um tinha a sua responsabilidade. O fato do grupo escolher o treinador, não dava o direito de opinar quanto a escalação ou como o time deveria jogar. 

Isso parece muito pouco, porém nenhuma dessas atitudes fogem do contexto. Em 1981 estávamos buscando a anistia a presos políticos e em processo de redemocratização do país. Por conta disso, muitos assuntos ainda permaneciam como verdadeiros tabus e eram combatidos com veemência.

Hoje o movimento não faria muito sentido, pelo menos não com esse nome (Democracia Corinthiana) escolhido pelo publicitário Washington Olivetto. Mas a discussão ainda é atual... fim da concentração, papel do jogador de futebol na sociedade... Esse tipo de assunto, extremamente evitado pelo profissional de hoje, foi enfrentado pelos representantes do movimento na época.

Após o final da carreira, Sócrates perdeu muito da sua participação na sociedade, mas sempre que podia, dava suas opiniões fortes e contundentes sempre buscando o melhor para uma categoria (Atleta profissional). Amava o Brasil, a ponto de participar do movimento Diretas Já na década de 80 mas não hesitava em dizer da sua contrariedade da disputa da Copa do Mundo no país.

O doutor sempre me motivou a ir ao estádio. Sua maneira não-atleta de jogar me encantava. Foi um gênio para os apaixonados pelo futebol. Para os céticos, um cara que queria apenas a bagunça e acabou morrendo por uma doença causada pela bebida.



Sócrates nunca escondeu sua condição pessoal. Bebia muito... tanto que teve o problema que o levou ao óbito. Fumava também, não gostava de concentrações. Mas como disse o título... pensava!

E jogava demais!!! Descanse em paz, doutor...

Marcelo Alves Bellotti