sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O racismo no futebol

O preconceito racial ou racismo é um traço da humanidade, ao longo do tempo. Vem de um modo de pensar que dá importância e distinção a raças humanas, relacionando características físicas hereditárias, inteligência e manifestações culturais, estabelecendo superioridade entre uma raça em relação a outra. Não tem nenhuma base científica, apenas uma crença que justificou, por exemplo a escravidão e o domínio de determinados povos em relação a outros, principalmente em relação aos europeus.

No Brasil, apesar de ser um país composto por várias etnias, o racismo existe e está presente da pior forma, de forma velada e escondida na sociedade. É comum vermos a extrema valorização de pessoas pertencentes a grupos onde existe a presença do racismo para justificar uma posição contrária do povo. Porém quando percebem que estão no anonimato, o que vemos é que o assunto é bem mais delicado.

O objetivo dos parágrafos acima é de ilustrar o que ocorreu com Adilson dos Santos Souza. Adilson é um jogador de futebol de 26 anos, revelado nas categorias de base do Corinthians e que foi contratado pelo XV de Piracicaba em 2010. Em 2012 retornou ao Corinthians por empréstimo e atualmente integra o elenco do XV de Piracicaba.

Pela equipe do Nhô Quim já marcou mais de 35 gols. Quando retornou do Corinthians, Adilson tinha fechado uma transferência para o Ceará, mas em um dos exames médicos apontou um problema cardíaco. Fez um tratamento rigoroso e em Agosto de 2013 foi considerado apto para jogar e assinou novo contrato com o XV.

Porém desde que entrou em campo esse ano, Adilson vive um novo drama na equipe Piracicabana... Algo que ele não previa! 

A sua própria torcida passou a dirigir a ele ofensas raciais. A declaração do atleta para a Radio Onda Live AM relatando o ocorrido é forte e comovente: "Estou muito triste. Por tudo que eu já passei, por tudo que eu já vivi e vivo aqui no XV, chegar nesta situação. Eu não peço para ninguém gostar de mim. Pode me odiar, pode me detestar. Com problema no coração, lutei duas vezes para voltar a jogar. E quando volto para uma equipe que tenho respeito, carinho e um amor muito grande, sou tratado com ofensas pessoais. Isso me deixa muito chateado. Chego em casa e vejo minha noiva triste, minha mãe chorando, prima e tios, todos tristes. Isso porque eles vão ao estádio e ouvem os torcedores me xingando de macaco, urubu, infartado... que eu tinha que ter morrido. Isso deixa todos tristes"

A reação da diretoria do XV foi inesperada... Contrataram um novo centroavante, Raphael Macena, do Comercial que já no ano passado foi destaque do time de Ribeirão. Quanto a Adilson, o diretor do XV disse que ele "precisa de um tempo para esfriar a cabeça" e o retirou da lista de relacionados contra o Palmeiras. Segundo o dirigente, a intenção é de preservar o atleta. "O Adilson não pediu esse tempo, mas a gente que está com ele diariamente sente que ele precisa esfriar a cabeça e colocar as ideias no lugar".

Se o atleta não solicitou, por que o afastamento? Qual a razão de contratar outro centroavante? A diretoria do XV tem todo o direito de fazer o que bem entende com seus atletas e definir o seu elenco. Mas a atitude que demostrou nesse caso, não contribuiu em nada para o atleta. Afastado, triste e sem o apoio da torcida, provavelmente Adilson terá seu contrato rescindido e em breve vai procurar outro clube para jogar.

E o racismo e a intolerância prosseguem fazendo suas vitimas!

Marcelo Alves Bellotti

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