quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Corinthians, Torcida, Bom Senso...

O que ocorreu no Corinthians segue as suas repercussões tanto na imprensa quanto na opinião pública. Uma coisa é certa...A situação no futebol com relação aos clubes de massa está tomando uma proporção de tamanha intolerância que algo mais grave está prestes a ocorrer.

Não vou emitir opinião, apenas avaliações sobre o que aconteceu e o que vem acontecendo e o que está prestes a acontecer...

Primeiro Movimento - O Centro de treinamentos do Corinthians foi invadido por torcedores que quebraram suas instalações e tinham como objetivo agredir os seus jogadores. Conseguiram agredir fisicamente o atacante Paolo Guerrero e quebraram o carro do Zagueiro Bom Senso (Paulo André).

Segundo Movimento - O Corinthians entra em campo para o jogo contra a Ponte Preta, mesmo sem condições psicológicas para tanto, pois a Federação, segundo o Corinthians, ameaçou o clube com sansões pesadas e até a eliminação do campeonato em vigor e rebaixamento para o campeonato de 2015, caso o time não entrasse em campo.

Terceiro Movimento - Atletas do Bom Senso e representantes do sindicato acertam detalhe da "greve" dos jogadores. O objetivo é paralisar o campeonato no próximo final de semana.

Quarto Movimento - membros da Organizada do Corinthians divulgam em rede social, detalhes sobre marca do carro e foto dos veículos dos jogadores, além de ameaçarem com mensagens em seus celulares, conforme reportagem do Portal Terra.

Aos poucos, os torcedores das organizadas entraram legalmente na vida dos clubes. Na maioria dos clubes, os torcedores organizados são sócios e em alguns casos, conselheiros eleitos. No Corinthians, um fundador da torcida "Pavilhão 9" chegou ao cargo máximo no clube. Ao chegar a presidência, Andrés Sanches foi o primeiro membro de torcida organizada que eu tenho notícia a ser presidente de clube.

Então a relação existe. Não adianta querer que os atos cometidos pelos torcedores dentro ou fora do campo não sejam atribuídos também aos clubes. Isso posto, fica claro a responsabilidade do Corinthians na invasão de seu Centro de Treinamento.

Após a invasão, o Corinthians trata o assunto de maneira clara. Entregou tudo o que tinha (uma boa parte das imagens das câmeras de segurança simplesmente sumiram) e pediu punições fortes aos que provocaram a bagunça, se eximindo de qualquer outra relação com o fato ocorrido. Em nenhum momento se discutiu qualquer ação contra as entidades que agiram e continuam agindo para  a intimidação dos jogadores.

Os jogadores então partiram para o que eles chamam de greve. Pautados pela falta de segurança no trabalho, os jogadores se movimentam para paralisar a rodada do final de semana. Eles pretendem obrigar o poder público e os dirigentes a tomarem medidas para conter a violência no futebol.

Para ficar claro, esse movimento não é uma greve. Uma greve se faz contra o seu empregador. Caso os jogadores queiram fazer uma greve, basta simplesmente cruzarem os braços e se recusarem a treinar, comparecerem ao trabalho e não cumprir com as suas obrigações contratuais, Isso é uma greve, ação regulada pela Justiça do trabalho, feita de maneira organizada e consciente, que o empregador também se movimentará para garantir os seus direitos, pois tem seus contratos e obrigações com terceiros.

O que eles querem fazer é uma falácia, somente uma manifestação, que surtirá efeito somente para prejudicar a Rede Globo e a Federação Paulista de Futebol, cujo presidente eleito por aclamação é candidato a presidência da CBF. Apesar da ideia e da necessidade de se fazer algo, novamente um grupo da sociedade brasileira prefere o caminho de prejudicar terceiros com as suas reivindicações, sem pautar pelo prejuízo de quem realmente foi responsável pela agressão.

Um movimento de greve deve ser feito contra o seu empregador, deve ter pautas consistentes e deve ser o último recurso depois de tentativas de negociação. Os jogadores do "Bom Senso" provavelmente farão essa manifestação (que não se confunda com greve),  e de uma maneira ou de outra, promoverão uma discussão sobre o assunto.

Marcelo Alves Bellotti

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