segunda-feira, 10 de março de 2014

Entrega do Estádio em Manaus... Intolerância!

Mais um estádio da copa entregue. O que vemos é um show de intolerância. Cada vez mais percebo que em geral, os meios de comunicação não se importam em disseminar intolerância. Apenas por observação, podemos perceber que desde que foram definidas as doze sedes da Copa do Mundo, a grande discussão passou a ser a construção ou reforma de estádios em Cuiabá, Manaus e Brasilia.

O fato é que o estádio foi inaugurado e entregue a população de Manaus. A partir da inauguração ele será administrado e de responsabilidade de quem o construiu e de quem o manterá. Esse foi o recado do governador do Estado. Talvez, o povo de Manaus esteja cansado de tanta intolerância vinda do sudeste, que ignora o fato até de haver futebol naquele estado. Vejo mensagens inflamadas de cronistas bradando pelos contribuintes Amazonenses. 

Desconheço a aceitação do estádio em Manaus. Sei que é um Estado onde a maioria da população é pobre, como ocorre em São Paulo, por exemplo. Sei que eles inauguraram um estádio para a Copa do Mundo e que pode virar um elefante branco. Para inaugurar esse estádio fizeram uma obra que teve a sua entrega atrasada, onde se gastou bem mais do que era previsto e cujo legado para a população será nenhum. Seu governador declarou que o estádio e seu legado são problemas do povo amazonense.

Se refletirmos em outros estados da Federação, veremos que São Paulo está prestes a investir perto de R$170 milhões inicialmente para reforma do padock em Interlagos, para poder ter condições e garantias suficientes para sediar uma etapa do Mundial de Fórmula 1 até 2020 no município. 

Não vi até agora, mesmo após todos os investimentos feitos para que a cidade do Sudeste brasileiro  recebesse esse evento, nenhum legado que justificasse o investimento direto da prefeitura para a sua reforma. A cidade de São Paulo continua com seu caos urbano diário e o bairro de Interlagos não teve nenhuma melhoria por conta do autódromo. Mesmo a ampliação do trem que "serve" Interlagos, não aconteceu como legado de obras no autódromo, mas como uma obra viária descolada da reforma. Não temos sequer um legado esportivo, já que uma etapa do Mundial de F1 não tem garantido o crescimento do esporte do país.

Mas pelo que se percebe, a reforma do autódromo agrada uma boa parte do contribuinte paulistano, que não se opõe em retirar um valor tão expressivo diretamente do orçamento da cidade. Diferentemente do que acontece com a copa, onde o investimento é feito por empréstimo por bancos de desenvolvimento, o dinheiro para a reforma do autódromo sai em boa parte direto do orçamento da prefeitura, já que o autódromo é municipal. A previsão de reforma segundo reportagem da revista warm up contaria com a participação do governo federal, com recursos do Ministério do Turismo. Ou seja, atingindo diretamente o contribuinte amazonense.

Ora, nem se discute a obra feita em São Paulo, o seu ônus para os cofres públicos e seu discutível legado, somente com geração de possíveis empregos. Temos um evento por ano no local e depois ele vira um grande elefante branco, mesmo com a iniciativa de colocar vários campeonatos por lá!

Precisamos novamente refletir sobre a intolerância. Precisamos respeitar o que nos parece diferente. A princípio, mostrar a inauguração de um estádio já julgando e decretando tudo o que virá a seguir é uma postura que só reforça os novos padrões de intolerância da sociedade brasileira, que não admite esse tipo de obra no norte pobre, mas que não trata igualmente obras semelhantes no sul desenvolvido e rico. Talvez essa não seja a verdade, seja apenas a visão de alguém que tenta combater a intolerância... 

Um comentário:

  1. É um absurdo porque quase nada foi como o planejado. Quero só ver a vergonha que vamos passar... É uma pena a Copa do Mundo ser aqui e passarmos por este "carão", ainda mais sabendo de outras histórias bem sucedidas nos anos anteriores. Triste...

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