A semi final da copa Paulista definiu nessa semana os finalistas da competição. Em uma ponta, um time apoiado pela prefeitura e com a "tradição" de pouco mais de 8 anos de existência, o São Bernardo eliminou com sobras em dois jogos a equipe do XV de Piracicaba. Tecnicamente, nada a contestar, apenas a esperança que daqui a quinze anos, o time do ABC ainda exista.
Na outra ponta, um caso inédito! Dois times teoricamente do mesmo dono... O time do Audax superou o seu comprador, o Grêmio Osasco.
Após ser adquirido pelo Grupo Casino, a rede de supermercados Pão de Açucar começou o processo de venda da sua estrutura de futebol em São Paulo e no Rio de Janeiro, uma vez que não era do interesse do grupo comprador dar continuidade ao projeto.
Após várias reuniões, um grupo comandado pelo empresário Mario Teixeira (integrante do Conselho do Bradesco), dono do Grêmio Osasco, tendo a participação do Bradesco, que tem a sua sede naquele município e com o apoio da prefeitura, efetivaram a compra do Audax.
O projeto de Mario Teixeira, segundo reportagem do Estadão, já contou com a construção da cobertura do Estádio Jose Liberatti, prevê uma parceria com a prefeitura na reforma dos CTs, e construção de alojamentos para 70 atletas, pintura e iluminação da área externa do estádio, ônibus para transporte da delegação e segurança.
O prefeito Jorge Lapas (PT) ainda garantiu a inauguração do sistema de iluminação do Estádio, em parceria com a Eletropaulo.
O projeto, que parece ser econimicamente lucrativo para todos os lados, cria um dilema ético, iniciado com o confronto válido pela semi-final da Copa Paulista. Pelo que se tem notícia, o Audax (não há informações se esse será o nome do time) disputará a primeira divisão e mudará a sua sede para Osasco e o Grêmio Osasco disputará a série A2, com uma "estrutura B" até decidir o que fará desta vaga no campeonato.
Acho toda essa negociação aceitável. Quando a cerca de dez anos pregavam a profissionalização do futebol, era inevitável que esse tipo de situação surgisse. Porém isso não pode ser encarado como "maldições do futebol moderno". Fusões de clubes sempre aconteceram e continuarão acontecendo, como a junção entre Pinheiros e Colorado em Curitiba, que originou o Paraná Clube, em 1989.
Porém quando o assunto é futebol, a coisa não parece ser tão simples assim... os torcedores do GEO em sua maioria se mostraram contrários em disputar a primeira divisão com uma "compra de vaga" conforme podemos observar clicando aqui
O fato é que a Federação deve estar atenta para evitar situações como a que ocorreu nesse fim de semana. Jogo limpo, mas que sempre será questionado, pois apesar de legal, pode ser discutido eticamente, como o duelo entre Palmeiras e Palmeiras B ocorrido na Copa São Paulo de 2005 e vencido pela estrutura principal pelo placar de 4 a 0. Após o questionamento ético do jogo, a Federação Paulista tratou de excluir o Palmeiras B dos convites para a Copa São Paulo.
Não sou favorável a intervenções da FPF nos clubes, mas uma Federação deve zelar pela reputação de seus campeonatos, fazendo deste uma disputa que não pode ser questionada pela sua lisura ou pelo comportamento ético de seus clubes. É o mínimo esperado. Vamos aguardar o desenrolar da situação.
Marcelo Alves Bellotti
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