O Brasileirão série A está chegando ao fim, e com ele, a paciência da crônica com a inconstância com os times que ano após ano parecem "se recusar" a assumir uma postura vencedora e se impor aos adversários em uma arrancada para a vitória... visivelmente risível!
Por conta da maneira como é disputado, o Campeonato Brasileiro expõe o jogador a uma jornada de 38 jogos por ano. Se somarmos mais pelo menos 14 jogos de Libertadores e/ou 10 jogos da Copa do Brasil, mais 19 jogos na primeira fase do Regional, e cinco jogos na fase final, teremos em um caso extremo, jogadores com aproximadamente 80 jogos por ano. Sem contar os que são convocados para as seleções.
Os times sentem esse desgaste principalmente agora, quando o campeonato vai chegando ao final. O desgaste físico chega ao extremo e os jogadores forçam cada vez mais tentando jogar no sacrifício. Quando o resultado não vem, o alvo naturalmente torna-se o time, o calendário... é muito comum nos dias de hoje culpar os regionais.
Atitude típica. Ao invés de detectar o problema, em geral as pessoas apontam as causas. Ao atacar somente as causas, os problemas continuam sem resolução e a situação não muda. Quando olhamos o futebol Europeu, vemos campeonatos igualmente com 20 times, mais as Copas Europeias e as Copas de cada país e os jogos das seleções nacionais, na teoria, os jogadores teriam os mesmos 80 jogos por ano.
Mas o que ocorre é que a cultura é diferente. A maioria desses clubes trabalha com uma estrutura profissional maior que a que a conhecemos. Então, nas copas os jogadores recém contratados tem a oportunidade de mostrar serviço, enquanto o time chamado principal se concentra no principal objetivo.
Aliás, outro ponto que ninguém se importa. Os treinadores costumam dizer "Nosso objetivo é ganhar todos os campeonatos!" Pura bobagem. Campeonatos devem ter objetivos. Defendi aqui nessa tribuna que os regionais deveriam se transformar em campeonatos de formação para os times que disputam a série A do Brasileiro. Então, eles disputariam esse campeonato com suas equipes de base, talvez com três atletas acima de 21 anos, por exemplo.
O mesmo modelo poderia ser seguido para a Copa do Brasil, para quem disputasse a Libertadores. Se houver planejamento, com um objetivo claro, metas atingíveis e planejamento sério, os problemas seriam mais facilmente resolvidos. Como a única meta possível é ser campeão ou, no máximo, a disputa da Libertadores, no final do ano a decepção é geral, técnicos perdem empregos, elencos são reformulados e esse ciclo torna-se vicioso.
Planejar um calendário, não é excluir os times "grandes" dos regionais, é saber qual time escalar em cada campeonato. Se o clube investe pesado em um ou dois jogadores, naturalmente eles tem que atender o principal objetivo do clube no ano. Como não há objetivo claro, no final do ano o investimento se dilui em um estresse emocional e via de regra uma contusão que afeta o time na reta final do campeonato.
O quadro piora quando ouve-se... no passado, os campeonatos eram disputados toda quarta e domingo e ninguém estourava como hoje. Como se o problema fosse apenas físico. Competições e jogos são em geral são decididos por fatores emocionais. Daí o estresse, a cobrança pelo alto salário...a contusão e a principal estrela do seu time fora ou estourado na fase que vale a pena...
Enquanto não atacarmos os problemas do futebol, estaremos girando nesse círculo vicioso, sem sair do lugar e sem chegar a conclusão nenhuma. Mas o negócio da dinheiro para todos... dirigentes, atletas, empresários, cronistas... enfim!
Pobre futebol...
Marcelo Alves Bellotti
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