Fim de ano, especialmente o Natal é uma época de reflexão.
Pensar em tudo o que aconteceu não somente no último ano, mas também em anos
anteriores. É comum pensarmos nas passagens de ano como novos ciclos em nossa
vida, o que nos dá capacidade de renovar e de inovar.
No futebol, propriamente dito estamos em um período pré Copa
do Mundo, com um grande evento mundial no Brasil marcado para 2013, a Copa das
Confederações e finalmente em 2014 teremos o maior evento mundial do futebol no
planeta, a Copa do Mundo.
O prestígio internacional do futebol Brasileiro está
extremamente baixo na seleção nacional. Atualmente o Brasil encontra-se na
medíocre 18ª posição, atrás dos sul americanos Argentina (3º), Colômbia (5º),
Equador (13º) e Uruguai (16º). Muitos tentam explicar o fato dizendo que o
Brasil não disputa torneios oficiais, como as eliminatórias por exemplo. Mas em
1997 a equipe brasileira também não disputou as eliminatórias e seguiu
liderando o ranking da FIFA.
Em contrapartida, os clubes brasileiros estabelecem um
paradoxo com a seleção. Todos os campeões dos torneios sul-americanos em 2012
foram brasileiros. O Santos ganhou a recopa, o Corinthians a Libertadores e o
São Paulo ganhou a Sul-americana.
Isso reflete bem o pensamento do torcedor brasileiro no
momento. Hoje em dia, a maioria do torcedor e uma boa parte da imprensa não
apóiam a seleção nacional e acredita que ela atrapalha os clubes e os
campeonatos nacionais, inviabilizando investimentos dos clubes em grandes
jogadores.
O fato é que há um grande bolo de dinheiro que envolve as transmissões
de eventos esportivos no mundo de hoje. Ninguém quer ficar fora desse bolo,
então cada um defende o seu interesse, sem se importar com o interesse do
produto futebol.
Hoje o Corinthians só pensa em internacionalização da sua marca...
Dirigentes dos principais clubes em São Paulo brigam pelo direito de disputar
amistosos com grandes clubes no mundo. Mas a CBF não abre mão do seu campeonato
de pontos corridos com 38 rodadas nem a Copa do Brasil, que nesse ano terá a
participação de todos os grandes. O Paulistão segue com as suas 19 rodadas na
fase de classificação.
Tudo isso com um campeonato atropelando o outro, um
interesse atropelando o outro... Sem planejamento, pois ninguém quer abrir mão
do seu objetivo em favor do produto futebol.
Planejamento, profissionalismo nesse caso são substituídos
por interesses pessoais e vaidades, privilegiando somente a sua própria
agremiação em detrimento das demais. Isso levará os grandes clubes brasileiros
a um patamar internacional, transformará finalmente o futebol em um esporte
economicamente rentável.
Mas há um preço para tudo isso. A transformação do futebol
em um esporte de elite fixará preços cada vez mais altos para que as pessoas
possam acompanhar seus jogos. Estádios serão transformados em grandes Arenas,
com estruturas de Shoppings e Espaços de lazer. Recursos eletrônicos e as 185
câmeras espalhadas pelo campo de jogo garantem que nenhuma decisão errada será
tomada nos 90 minutos. Regulamentos serão feitos de modo a privilegiar os times
de grandes torcidas, garantindo a esses recursos para que sejam cada vez
maiores e que possam trazer mais torcedores para assim aumentar a audiência de
quem transmite os jogos...
É o começo do fim do futebol nos centros menores. O que hoje
já é difícil, em muito pouco tempo se tornará inviável e muitos times
desaparecerão. Estruturas profissionais já se aproveitam disso hoje e entram no
futebol do Interior somente para formar jogadores na base, aproveitando-se da
lei para lucrar como clube formador e repassar jogadores para clubes tanto no
Brasil como na Europa.
E isso parece ser um caminho sem volta... Todos entendem que
esse é o futuro para o futebol brasileiro... Meia dúzia de times muito ricos,
uns poucos times com condições de fazer frente a esses clubes e torcedores de
sofá... Uma geração que só consegue analisar futebol pelo vídeo tape e não sabe
a diferença entre táticas e esquemas de jogo.
Bem vindos à modernidade!!!
Marcelo Alves Bellotti
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