segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Reflexão de Natal


Fim de ano, especialmente o Natal é uma época de reflexão. Pensar em tudo o que aconteceu não somente no último ano, mas também em anos anteriores. É comum pensarmos nas passagens de ano como novos ciclos em nossa vida, o que nos dá capacidade de renovar e de inovar.

No futebol, propriamente dito estamos em um período pré Copa do Mundo, com um grande evento mundial no Brasil marcado para 2013, a Copa das Confederações e finalmente em 2014 teremos o maior evento mundial do futebol no planeta, a Copa do Mundo.

O prestígio internacional do futebol Brasileiro está extremamente baixo na seleção nacional. Atualmente o Brasil encontra-se na medíocre 18ª posição, atrás dos sul americanos Argentina (3º), Colômbia (5º), Equador (13º) e Uruguai (16º). Muitos tentam explicar o fato dizendo que o Brasil não disputa torneios oficiais, como as eliminatórias por exemplo. Mas em 1997 a equipe brasileira também não disputou as eliminatórias e seguiu liderando o ranking da FIFA.

Em contrapartida, os clubes brasileiros estabelecem um paradoxo com a seleção. Todos os campeões dos torneios sul-americanos em 2012 foram brasileiros. O Santos ganhou a recopa, o Corinthians a Libertadores e o São Paulo ganhou a Sul-americana.

Isso reflete bem o pensamento do torcedor brasileiro no momento. Hoje em dia, a maioria do torcedor e uma boa parte da imprensa não apóiam a seleção nacional e acredita que ela atrapalha os clubes e os campeonatos nacionais, inviabilizando investimentos dos clubes em grandes jogadores.

O fato é que há um grande bolo de dinheiro que envolve as transmissões de eventos esportivos no mundo de hoje. Ninguém quer ficar fora desse bolo, então cada um defende o seu interesse, sem se importar com o interesse do produto futebol.

Hoje o Corinthians só pensa em internacionalização da sua marca... Dirigentes dos principais clubes em São Paulo brigam pelo direito de disputar amistosos com grandes clubes no mundo. Mas a CBF não abre mão do seu campeonato de pontos corridos com 38 rodadas nem a Copa do Brasil, que nesse ano terá a participação de todos os grandes. O Paulistão segue com as suas 19 rodadas na fase de classificação.

Tudo isso com um campeonato atropelando o outro, um interesse atropelando o outro... Sem planejamento, pois ninguém quer abrir mão do seu objetivo em favor do produto futebol.

Planejamento, profissionalismo nesse caso são substituídos por interesses pessoais e vaidades, privilegiando somente a sua própria agremiação em detrimento das demais. Isso levará os grandes clubes brasileiros a um patamar internacional, transformará finalmente o futebol em um esporte economicamente rentável.

Mas há um preço para tudo isso. A transformação do futebol em um esporte de elite fixará preços cada vez mais altos para que as pessoas possam acompanhar seus jogos. Estádios serão transformados em grandes Arenas, com estruturas de Shoppings e Espaços de lazer. Recursos eletrônicos e as 185 câmeras espalhadas pelo campo de jogo garantem que nenhuma decisão errada será tomada nos 90 minutos. Regulamentos serão feitos de modo a privilegiar os times de grandes torcidas, garantindo a esses recursos para que sejam cada vez maiores e que possam trazer mais torcedores para assim aumentar a audiência de quem transmite os jogos...

É o começo do fim do futebol nos centros menores. O que hoje já é difícil, em muito pouco tempo se tornará inviável e muitos times desaparecerão. Estruturas profissionais já se aproveitam disso hoje e entram no futebol do Interior somente para formar jogadores na base, aproveitando-se da lei para lucrar como clube formador e repassar jogadores para clubes tanto no Brasil como na Europa.

E isso parece ser um caminho sem volta... Todos entendem que esse é o futuro para o futebol brasileiro... Meia dúzia de times muito ricos, uns poucos times com condições de fazer frente a esses clubes e torcedores de sofá... Uma geração que só consegue analisar futebol pelo vídeo tape e não sabe a diferença entre táticas e esquemas de jogo.

Bem vindos à modernidade!!!

Marcelo Alves Bellotti

Nenhum comentário:

Postar um comentário