O futebol é conhecido no Brasil como o esporte das multidões, consegue reunir milhares de pessoas em estádios para assistir os jogos de seu time do coração e milhões de pessoas em frente a uma televisão, para ver o seu time jogar tranquilamente em um sofá.
De uns tempos para cá, os campos de futebol tem se transformado em palcos de intolerância e de verdadeiras batalhas campais entre gangues. Em geral sob o efeito de drogas e álcool e cada vez mais financiados pelos clubes de futebol.
Hoje torna-se complicado para qualquer pessoa se dirigir a um estádio, principalmente na condição de visitante, para fazer algo simples, como assistir a um jogo de futebol. A própria placa do seu carro é um sinal de que é um inimigo, pronto para ser intimidado e atacado.
O que essas gangues pretendem é simplesmente intimidação. É deixar claro "quem manda"! Nesse sentido, quando são visitantes, eles fazem "alianças" com torcidas de um time para poder se garantir quando não estão na sua cidade ou no seu estádio.
Nesse fim de semana, mais intolerância. No Maracanã, irritada com provocações do adversário, a torcida do Fluminense iniciou uma confusão. O tumulto foi contido e não teve consequências maiores, só o susto e a correria. Confira o que ocorreu.
Em Porto Alegre no Gre-Nal 400, disputado na Arena do Grêmio, que decidia o título, torcedores do Inter se desentenderam no intervalo de jogo e um grupo passou a depredar o estádio que visitava. Segundo os administradores do Estádio, cerca de 191 cadeiras foram destruídas. A certeza da impunidade é tão grande que os agressores mostram as cadeiras destruídas como se fosse um troféu.
Em Santos, enquanto era disputada a semi-final entre Santos e Penapolense, todos no estádio tinham a certeza da vitória do time da baixada. Porém por um vacilo da equipe santista, o time do interior empatou o jogo e logo depois virou o placar. A comemoração nas tribunas do Estádio Urbano Caldeira por parte dos dirigentes da Penapolense irritou a torcida santista, que não hesitou em tentar invadir o camarote do adversário, quebrar uma mesa (que por sinal pertence ao próprio clube) e ameaçar a integridade física dos dirigentes do time do Interior. A diretoria do time santista sequer emitiu uma nota, mas espera ansiosa ser premiada com um jogo da final em seu estádio.
Pra terminar, na Suécia, um torcedor morreu espancado logo na abertura do campeonato, que teve a sua primeira rodada nesse domingo.
É preciso discutirmos melhor sobre o que queremos para o nosso futebol, para a nossa sociedade. Não adiante discutirmos somente punição, ou informatização do sistema, que passa por cuidar somente da violência em times grandes. É preciso medidas de prevenção com uso de inteligência policial, é preciso medidas contundentes dos meios esportivos, de educação e de punição aos responsáveis, de acordo com o previsto na Lei.
Estamos em São Paulo, modernizando o Morumbi e Construindo duas novas Arenas. Ao final do ano, teremos três estádios prontos para receber qualquer jogo do futebol do mundo. Estamos preparados para entregar esse serviço para o público que frequenta esse estádio? Como será essa relação, a partir das novas arenas? Notem, esse não é um problema brasileiro. Existe em todos os estádios no mundo inteiro. É um reflexo do que somos hoje como sociedade no mundo.
Que a sociedade brasileira inicie esse debate! Pra afastar a intolerância dos estádios e trazer de volta a diversão de assistir um jogo de futebol!
Marcelo Alves Bellotti
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