Hoje se inicia o Campeonato Paulista de 2013 da série A1 (primeiro nível). Mais uma vez a grande discussão gira em torno da duração do campeonato, com 19 datas na sua primeira fase e com oito times que se classificam para a segunda fase.
Ano passado os quatro clubes chamados grandes do futebol em São Paulo colecionaram títulos em nível nacional e internacional e naturalmente se distanciaram cada vez mais seus objetivos da disputa do Campeonato.
Para tornar o seu campeonato atrativo então, a FPF juntamente com uma montadora de automóveis, "engordou" a cota dos times grandes, em detrimento dos demais clubes.
Então os quatro clubes privilegiados receberão nesse campeonato o total de R$10,815 milhões para dizer que o paulistinha não é a prioridade no seu planejamento, quando por acaso no final do campeonato tiver que amargar uma eliminação para um dos 16 times de menor sorte no Estado.
Esses clubes receberão R$2,115 milhões. A proporção chega a ser desleal, pois os três clubes da capital mais o time da Baixada Santista recebem 84% do bolo, contra 16% dos demais.
Mas a desigualdade não para por aí. Para o campeão Paulista, a FPF distribui R$2,5 milhões e o vice-campeão fica com R$600 mil, enquanto que o campeão do Interior recebe R$200 mil e o vice-campeão recebe R$50 mil.
Sabemos que hoje os eventos esportivos são feitos para a televisão, e o futebol segue esse exemplo, remunerando mais a quem dá mais audiência, mas a relação de forças chega a ser desumana.
Falam da falência do futebol do interior e culpam os dirigentes dos clubes e suas péssimas administrações... discurso pronto sem apreciação do real problema. É certo que em geral os clubes são pessimamente administrados, sem planejamento e sem perspectivas profissionais, servem em geral para palanques eleitorais e como instrumento político para ascensão social. Mas essa discriminação a longo prazo vai acabar com o futebol do interior do Estado.
Passou da hora da FPF pensar no desenvolvimento de seus filiados. De trabalhar de forma a fazer um campeonato atrativo e de baixo custo para seus participantes e diminuir as diferenças entre os clubes, ao invés de acentuá-las. Ao fazer isso, atende o interesse dos grandes grupos, que querem tornar o futebol brasileiro em um evento voltado para a TV. Então o torcedor de uma cidade do interior como São Carlos por exemplo, ficaria sem opção de torcida para times locais, pois pela migalha que recebem, teriam um time semi-profissional, e tenderiam a torcer para os times da capital.
Essa é a modernidade que combatemos. Com inteligência, a FPF poderia transformar o seu campeonato realmente em entretenimento, aproximando o cidadão do interior ao clube da sua cidade, acentuando inclusive o conceito de cidadania.
É preciso haver um grande debate que leve o futebol em São Paulo a um caminho de desenvolvimento. Nos últimos anos temos notado o aumento de clubes cujo único interesse é a formação profissional de atletas (casos de Audax, Porto Feliz, etc) e clubes tradicionalíssimos praticamente quebrados, como o São Bento, por exemplo. Enquanto isso, a FPF distribui carros aos clubes em seu campeonato do primeiro nível. Não se trata de assistencialismo mas sim de tratar o futebol como um produto rentável não somente para quatro clubes e uma emissora de TV.
Da maneira que está distribuída a grana do Campeonato, os quatro clubes da capital tem a OBRIGAÇÃO de fazer a semi-final. Não se trata de melhor estrutura, ou de melhor time... apenas chegamos ao grande problema do Brasil... a desigualdade entre ricos e pobres... clubes ricos cada vez mais ricos e clubes pobres cada vez mais na miséria...
Marcelo Alves Bellotti
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