E 2014 foi embora... um ano onde poderíamos nos afirmar mais como nação, com eventos para marcar uma nova etapa na vida do país, a eleição para presidente, a Copa do Mundo que parou o país em torno da seleção nacional. Parece pelas atitudes tomadas nesse ano, o pessoal supera muito o bem comum.
Ituano foi campeão paulista... sinal de mudança? Nem um pouco... as cotas do Paulistão esse ano conseguem sem mais injustas. O pior são as notícias de alguns sites "especializados" que dizem que o aumento das cotas (de 11,5 milhões em 2014 para 14,5 Milhões em 2015) não cobre sequer a inflação. Ora, se considerarmos o interesse dos quatro clubes grandes na competição e o esforço que eles fazem para participar do campeonato, um aumento de R$0,50 seria demais. Os 16 demais clubes recebem R$2,75 Milhões. Cada um puxa para o seu lado... de um lado a imprensa detonando o campeonato, dizendo que ele não leva a nada e desgasta os clubes de maior orçamento (e que garantem seus níveis de audiência) e de outro os clubes, com seus dirigentes dos quatro clubes protegidos da FPF, que fecham suas contas anuais com o dinheiro e do outro os atletas... montando o bom senso pra acabar com o regional, sugerindo campeonatos e fórmulas que já existem, como se tivessem inventado a roda.
A Copa do Mundo tentou mostrar ao futebol brasileiro e a seus profissionais que se não nos modernizarmos, estaremos fadados a pertencer ao segundo nível do futebol no mundo. Argentinos e Chilenos exportam técnicos a todas as partes do mundo enquanto no Brasil, preferimos fazer aquilo que mais sabemos... eleger culpados, começar do zero e continuar jogando o mesmo futebol, e ainda ver que isso não é um movimento exclusivo da CBF, mas que estamos todos convictos que afastando Luis Felipe Scolari e colocando Dunga no lugar estaremos resgatando o melhor futebol do mundo.
O pior é ver nossos técnicos, como Vanderlei Luxemburgo, afirmar que não conseguiu aprender nada de novo com a Copa. Dizer isso e formar um time que só dá chutões e vive de contra ataque? Mas o pior é que ele não está sozinho nessa... boa parte dos técnicos além dos cronistas também engrossam esse coro.
Futebol milhonário, com atletas ganhando somas astronômicas, hoje foi banalizado um salário de R$100 mil a R$300 mil por mês. E os atletas falam em "bom senso", apontando o fim dos regionais como a grande solução do futebol brasileiro. Os clubes cada vez mais pobres, procurando cada vez mais campeonatos para poder pagar salários astronômicos para seus atletas, vendendo a base para empresários. Enquanto isso, dirigentes e empresários cada vez mais ricos. Ah... mais um gol da Alemanha!
Até quando? Cronistas pregando a elitização do futebol e querendo que os clubes pequenos "se lixem"... os grandes fazem acordos de bilhões com as TVs e viram as costas para o resto do país... um dia essa farra acaba... o povo do "resto do país" como eles colocam, em breve terão outra forma de diversão, outro esporte para poder se divertir vendo ou praticando... algo que não seja restrito a poucos.
Pobre futebol... entra ano e sai ano e é a mesma coisa... que venha 2015!
Marcelo Alves Bellotti