sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Final do cameponato... Malas voando por aí

Os campeonatos estão acabando e com essa perspectiva do final do campeonato, chegam as notícias de malas brancas e pretas voando pelos gramados do país, além de declarações infelizes de um número cada vez maior de torcedores, cronistas e os envolvidos em geral no futebol.

Hoje no Brasil somos criados para não admitir qualquer derrota, com isso queremos criar "equipes de alta performance" ou "gerações campeãs". Porém em termos de esporte de alto rendimento, somente o primeiro lugar parece ser uma vitória. Qualquer coisa diferente disso soa como fracasso. Por isso surgem as "teorias de conspiração" e a existência das malas para favorecer esse ou aquele time.

Na série A e na série B temos clubes brigando contra o rebaixamento para ficar entre os quatro primeiros para, no caso da série A conseguir uma classificação a Copa Libertadores e na série B conseguir o acesso. Cabe explicar o que seria essa "mala". O termo é antigo e se remete a malas de dinheiro, que em geral eram pretas, tipo 007. O termo "mala branca" é novo e se refere a ajuda financeira vinda de um terceiro para que uma equipe derrote a outra. No caso da "mala preta", a intenção do terceiro é pagar pela derrota do time.

A discussão de hoje é que a mala preta é condenável, mas a mala branca não, uma vez que trata-se de um incentivo para vitórias. O mesmo recioncínio vale para as partidas onde duas equipes se beneficiam de um empate e jogam de uma maneira a que esse resultado seja conseguido, ou até de equipes que escalam reservas em partidas determinadas e não em outras.

Em todos os casos chovem justificativas. Porém a grande discussão nesse caso é ética. Todos sabem das necessidades dos times e do calendário confuso que temos. Um time não pode ser responsável pelo que acontece com um outro time, mas sem dúvidas que qualquer ato feito que desequilibre um confornto entra em uma discussão sobre o que é ético nas relações entre os clubes em um campeonato.

No caso das malas, além da discussão ética, há também o fator legal. Malas, sejam brancas ou pretas tem punições previstas pelo CBDJ (Código Brasileiro de Justiça Desportiva) através do seus artigos 237 e 238. O art. 237 fala de quem oferece vantagens e o 238 fala de quem recebe a vantagem. A pena é a mesma para os dois artigos. 

"Art. 237. Dar ou prometer vantagem indevida a quem exerça cargo ou função, remunerados ou não, em qualquer entidade desportiva ou órgão da Justiça Desportiva, para que pratique, omita ou retarde ato de ofício ou, ainda, para que o faça contra disposição expressa de norma desportiva.
PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), suspensão de trezentos e sessenta a setecentos e vinte dias e eliminação no caso de reincidência. (NR).

Art. 238. Receber ou solicitar, para si ou para outrem, vantagem indevida em razão de cargo ou função, remunerados ou não, em qualquer entidade desportiva ou órgão da Justiça Desportiva, para praticar, omitir ou retardar ato de ofício, ou, ainda, para fazê-lo contra disposição expressa de norma desportiva.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), suspensão de trezentos e sessenta a setecentos e vinte dias e eliminação no caso de reincidência. (NR)."

Mais do que discutirmos o que é conduta usual, ou puritanismo, ou prática de mercado, ou hipocrisia (na conduta), ou um monte de "conceitos e verdades" que ouvimos em programas no melhor estilo "papo de bar", temos que discutir o que queremos como sociedade... do que adianta postar em redes sociais sua indignação sobre corrupção no poder público e quando nos deparamos em questões de ética profissional pregamos que um cidadão empregado de uma empresa A receba favorecimentos de uma empresa B? Mais do que pensar somente em punir ou não este ou aquele atleta ou dirigente, precisamos repensar nossa postura enquanto cidadãos. Assim teremos não só um futebol melhor, mas uma sociedade melhor!

Com relação ao que o STJD quer fazer com o Fernando Prass? Sem propósito... o campeonato está no final e o tribunal quer aparecer para a série A, já que ficou na suas mãos a decisão da série B com o julgamento do Icasa... mais um ano de confusões e holofotes no tribunal... 

Marcelo Alves Bellotti

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Nacional é campeão Paulista


O campeonato Paulista da Segunda Divisão tem um novo campeão: é o Nacional Atletico Clube, o Nacional da Comendador Souza garantiu um título da quarta divisão do Campeonato Paulista. O time da capital conseguiu o título frente ao time de Cotia e garantiu assim o acesso a série A3 do Paulistão de 2005.

O time do Nacional Atletico Clube é um dos clubes mais tradicionais de São Paulo. Fundado em 16 de fevereiro de 1919 por funcionários da São Paulo Railway Compay, uma companhia de estrada de ferro inglesa. Seu mascote é o Ferroviário, que remete aos fundadores. O time se chamou São Paulo Railway até 1953, quando acabou a concessão para a companhia e ela deixou o país. Então o time passou a se chamar Nacional Atlético Clube.

O time amargava a algum tempo a segunda divisão (quarto nível) do Campeonato Paulista e muitos acreditavam que o time havia fechado as portas. Mas ele parece ressurgir e com uma ótima camapnha em 2014 chegou ao título do estadual após bater o time de Cotia pelo placar de 2 a 1 de virada. 

Parabéns ao Nacional, campeão da Segunda Divisão do Paulistão. E parabéns também ao Cotia, ao Barretos e ao Primavera, de Indaiatuba pelo acesso..

Marcelo Alves Bellotti

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Caso Portuguesa. Holofotes e desencontros

Novamente retornamos ao caso da Portuguesa e a escalação irregular do meia Heverton no final do ano passado, que levou o time do Canindé de uma situação tranquila dentro da série A para um rebaixamento com a consequente perda de pontos.

Desde o começo das conversas ficou claro que a Portuguesa cometeu um erro ao utilizar o atleta irregularmente e pagou por esse erro. Porém o que se viu foi uma série de pré julgamentos de todos os lados da sociedade, sempre colocando como pano de fundo a possibilidade de rebaixamento de dois times cariocas.

Primeiramente vieram os "defensores do resultado de campo". Ou seja, escalem quem quiser, pois o que deve prevalecer é o resultado dentro de campo. Depois os defensores de que a pena foi desproporcional. Ora, esses "paladinos da justiça" não se pronunciaram quando do rebaixamento de outras equipes pelo mesmo caso (O Brasil de Pelotas, por exemplo, por escalação irregular de um atleta, onde não pareceu haver dolo). Depois ainda causídicos citaram a Lei Federal conhecida como "Estatuto do Torcedor" para comprovar um erro da CBF que revogaria o julgamento.

Agora, um promotor de justiça do consumidor em São Paulo que encampou o caso, envolvendo nele recursos públicos e um ano de investigação para uma denúncia envolvendo possível corrupção, afirma ter indícios do conhecimento de membros da direção da Portuguesa no caso, mas afirma que "a Portuguesa foi vítima".

Ora, se o presidente da Portuguesa e mais alguns funcionários tinham conhecimento do fato de que o atleta não poderia ser escalado e tomaram uma decisão, não vejo como isentar o clube de culpa. Então os atos de um presidente de clube no exercício do seu mandato não caracterizam atos do clube?  Se o presidente da Portuguesa sabia do fato então a Portuguesa sabia, se o presidente agiu errado, então a Portuguesa também agiu. Não vejo como isolar os atos do presidente de uma empresa aos atos da mesma.

Seguindo ainda nessa linha, em onze meses de investigação, que contou ainda com o GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) a promotoria pública movimentou todo um aparato do Estado (com o custo pago pelos contribuintes) para investigar a movimentação financeira dos dirigentes da Lusa.

No final do seu pronunciamento, o promotor afirmou que não há comprovação de irregularidade, apenas indícios. Jornais e meios de comunicação (sobretudo os sediados em São Paulo) de apressaram em estampar manchetes dizendo do suborno, isentando a Portuguesa de culpa e transferindo a culpa para dois times cariocas (Fluminense e Flamengo) que tinham total interesse nesse caso. Inclusive o próprio promotor paulista cita nominalmente esses dois clubes.

Raramente me posiciono com opiniões nesse blog, prefiro relatar os fatos e deixar que vocês cheguem a uma conclusão, porém nesse fato gostaria de me posicionar.

1 - Acho um absurdo que um órgão público utilize recusrsos dos contribuintes para assuntos de futebol, seja qual for a justificativa.

2 - A Portuguesa escalou um jogador irregular e portanto sua punição foi correta e justa, uma vez que a pena (perda de pontos) era a única cabível para esse caso.

3 - Caso sejam comprovados os indícios de que o clube tinha conhecimento de que o jogador estava irregular e que recebeu vantagens para escalar o jogador, os clubes envolvidos devem ser punidos esportivamente de maneira severa.

4 - As pessoas envolvidas em crime de corrupção ou suborno devem responder criminalmente pelos seus atos. 

Acredito que devemos agir com responsabilidade. Vi uma reportagem da Folha de São Paulo dizer em sua manchete em destaque "Ministério Público vê indícios de suborno..." e no corpo da mesma reportagem dizer  que a promotoria "... ainda não chegou a nenhuma conclusão sobre se houve corrupção...". Para ter uma opinião melhor formada, leiam mais do que simplesmente o título da matéria. Há muito mais escrito, sobretudo nas entrelinhas. 

Lamento pelo futebol brasileiro e sobretudo pelos péssimos exemplos de valores que passamos como sociedade.

Marcelo Alves Bellotti

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Tombense - Um Case de sucesso de investimento

O interior do Brasil é cercado de times de tradição regional que vez por outra alcançam uma notoriedade chegando a disputar os principais torneios do país. No interior de Minas Gerais vamos encontrar um exemplo dessas histórias, na cidade de Tombos, que atualmente tem um time na final da série D do campeonato brasileiro.

Tombos é uma cidade da zona da matsa mineira, que está a 5 km da divisa do Rio de Janeiro e a 367 km da capital Belo Horizonte. A cidade foi fundada no início do século XIX pelo Coronel Maximiniano José Pereira de Souza, que fez uma doação de terras para a construção de uma capela para Nossa Senhora da Conceição. Assim o local ficou conhecido por Nossa Senhora da Conceição de Tombos, em alusão às três quedas d'agua existentes no local. Em 1923 por uma Lei municipal o nome foi alterado para Tombos de Carangola. Em 1978 após a sua emancipação política, o município passou a se chamar somente Tombos. A cidade possui segundo o censo uma população de 9.542 pessoas.

O time da cidade é o Tombense Futebol Clube, fundado em 07 de Setembro de 1914, por iniciativa de um grupo de garotos. Liderados pelo pai de um deles, o Senhor Vieira, fundaram o time que em 1935 conquistou o campeonato da Zona da Mata, batendo o Tupi na final, mesmo jogando em Carangola. O time seguiu brilhando como amador até que em 1.999 os empresários Eduardo Uram e Lane Mendonça Gaviolle, da empresa Brazil Soccer, começaram a gerir a Tombense para profissionalizar e melhorar o time.

A partir daí, com uma gestão profissional o time decolou. Em 2001 o time foi campeão mineiro das categorias infantil e juvenil. Em 2002 o time profissional chegou ao seu primeiro título, de campeão mineiro da segunda divisão. Após campanhas irregulares, em 2012 foi vice-campeão do Módulo II do Mineiro (segundo nível) e conseguiu disputar o Módulo I (primeiro nível) do campeonato mineiro.

Em 2013, o carcará (ou gavião cartcará) como é conhecido, foi classificado para a série D como vice campeão do Interior, mas decide não participar do torneio. Em 2014 porém, mais uma vez classificad para a série D, fez uma campanha fantástica e após vencer o Moto Club, o time comnseguiu o acesso para a série C.

Agora é aguardar se o esquema profissional não fará com a cidade de Tombos a mesma coisa feita com a cidade de Ituiutaba, que após se classificar da série C para a série B mudou o nome para Boa Esporte e mudou de cidade para Varginha, cidade a mais de 500 km de distância. Como a cidade de Tombos tem uma população pequena, a prefeitura não construirá um estádio onde caiba toda a população da cidade dentro. Resta saber se nesse profissionalismo a estrutura profissional não deixará a cidade.

O time manda seus jogos no Estádio Antônio Guimarãesde Almeida ou o Almeidão ou ainda Estádio dos Tombos. O estádio tem a capacidade para 3.050 pessoas após a reforma feita para a disputa do campeonato mineiro em 2013. Até então, a capacidade era de apenas 1000 torcedores.

Assim segue a Tombense, que disputará a série C em 2015 e seguirá sendo o orgulho de sua pequena e pacata torcida, mas apaixonada pelo futebol e que acompanha o time em todas as suas jornadas. A final da série D que envolve Brasil de Pelotas e Tombense teve o primeiro jogo final um empate de zero a zero em Pelotas terá o seu segundo jogo disputado em Muriaé em 16/11 as 17 horas no estádio Soares de Azevedo.

Marcelo Alves Bellotti