sábado, 28 de abril de 2012

Acima da Lei?

O respeito as Leis e aquilo que é ético são requisitos básicos na educação do ser humano que vive em sociedade e deve permear o conceito de cidadania. Porém, o que podemos observar é que na sociedade em que vivemos, vale mais o conceito já antigo da chamada "Lei de Gerson", que em um texto infeliz para uma propaganda de cigarro na década de 70 decretava "afinal, o brasileiro gosta de levar vantagem em tudo, certo?".

Então o caso que passo a relatar abaixo não pode parecer estranho a quem lê. Inclusive poderá parecer normal o comentário de que "a polícia de São Paulo queria apenas aparecer"!

O fato é que a Polícia Militar estava procedendo uma operação de rotina nas imediações da Avenida Marquês de São Vicente quando abordou um veículo Audi branco sem a placa dianteira. Um Audi RS5 branco já chama a atenção, ainda mais sem a placa dianteira. 

Ao checar a documentação do veículo, a PM detectou que a única placa do carro encontrava-se em situação irregular. A placa traseira estava recortada e tinha um lacre que não correspondia com o lacre da cidade onde o carro foi emplacado. A placa dianteira encontrava-se no interior do veículo.

A documentação do carro registrava mais de R$ 10 mil em multas. A alegação do condutor é de que tinha adquirido o carro há muito pouco tempo e não estava ciente de tantas irregularidades. Porém o próprio condutor possuía 37 pontos em sua carteira de habilitação. A PM então apreendeu o carro. O que isso tem a ver com o futebol? O condutor do veículo era Luis Fabiano, jogador do São Paulo Futebol Clube que se dirigia para o treinamento da equipe. 

O fato revela o completo absurdo em que se transformou a sociedade nos dias atuais, onde não se repeitam mais as leis, apenas provar que somos "acima da Lei".

Há uma semana, o mesmo atacante declarou que a Federação deveria se reunir e retirar o cartão amarelo que ele recebeu contra o Bragantino e retirou ele da partida contra o Santos, amanhã no Morumbi, alegando que o cartão era injusto, mesmo contra a opinião de seu próprio Diretor de Futebol que disse que o cartão foi normal.

Ta na hora de repensarmos aquilo que queremos para a sociedade. Precisamos de mobilização mas não temos a menor ideia de como fazê-lo. Cada um tira da sociedade o máximo para se favorecer e reclama do outro que não faz nada. 

Lamentável!

Marcelo Alves Bellotti

domingo, 22 de abril de 2012

Libertadores... qual o lucro?

Futebol não pode visar apenas lucro. Somente assim ele funciona. Porém, se considerarmos apenas o aspecto mercantilista do esporte,as equipes em geral não participariam da Copa Libertadores da América.

O torneio sulamericano apesar de ser o sonho de consumo de todos os times brasileiros na atualidade, distribui uma premiação pífia aos seus participantes se comparado aos grandes torneios existentes no mundo.

Mesmo com as cotas de TV que costumam melhorar muito a premiação da Confederação Sulamericana, ainda sim a conta dos times não fecha. A cota hoje para o Campeão da Libertadores é de Dois Milhões de Dolares. No total acumulado, o campeão recebe cerca de Três milhões e trezentos Mil Dolares. Segue tabela de premiação (valores pagos por mando de campo):

Pré-Libertadores -R$ 212 mil (US$120 mil)
Fase de grupos - R$ 212 mil (US$120 mil)
Oitavas de final - R$ 318 mil (US$ 180 mil)
Quartas de final - R$ 407 mil (US$ 230 mil)
Semifinal - R$ 548 mil (US$ 310 mil)
Final - R$ 548 mil (US$ 310 mil)
Prêmio para o vice-campeão - R$ 1.060.000 (US$ 600 mil)
Prêmio para o campeão - R$ 3.530.000 (US$ 2 milhões)
Total para o campeão - R$ 5.990.000 (US$ 3.390.000)

Estima-se que a folha de pagamento de um time brasileiro tradicional que disputa a libertadores seja de cerca R$31 milhões por mês.

Supondo que o total arrecadado com a conquista da Libertadores dobre. Chegaremos a R$12 milhões no final da Libertadores. Estima-se ainda que o Paulistão distribua entre cotas de TV e premiação da FPF o valor de R$ 10 milhões. E o resto?

Discutimos investidores e ações de Marketing, patrocínio em camisas etc, etc devido ao fato do maior torneio de clubes de futebol das Américas não ser economicamente viável. Isso por que falamos de uma Confederação rica. 

Mas isso deve estar ao encontro dos interesses dos clubes, pois o presidente da Sulamericana é confirmado no cargo há mais de uma década.

O resultado só poderia ser prejudicial  aos clubes. Com o investimento alto e sem receitas de público nos estádios, a TV vira a principal sócia dos clubes brasileiros. Aí vira dona do assunto. Faz e desfaz, manda e desmanda. Jogos as dez da noite em grandes centros como São Paulo e Buenos Aires mudam completamente a cara desse esporte.

Marcelo Alves Bellotti

sábado, 21 de abril de 2012

XV de Piracicaba

 O futebol do Interior fascina por suas histórias e seus times. Hoje falarei do Esporte Clube XV de Novembro da cidade de Piracicaba. O clube nascido em 1913 através de uma associação entre os irmãos Guerrini e os irmãos Pousa. Conta a história que depois da ideia da formação de um time de futebol pelos irmãos Guerrini, foi marcado um jogo contra o Vergueirense, dos irmãos Pousa. O nome  comentado para o time era 12 de Outubro, data de sua primeira partida. Porém com o acordo entre os irmãos e a fusão dos times não prevaleceu nem 12 de Outubro nem Vergueirense. Assim em 15 de novembro de 1913 nascia o XV de Novembro.

O time de Piracicaba teve destaque nos Campeonatos do Interior que se seguiram até a chegada do profissionalismo. Com isso foi criada a Lei do Acesso que promovia a união das várias ligas existentes no estado. Em 1948 foi disputado o primeiro torneio de acesso, envolvendo 42 equipes em três séries de 14 times.

As finais foram disputadas XV, Rio Pardo e Linense e destacou o time Piracicabano como o primeiro campeão da Lei de Acesso de São Paulo, após uma vitória no Pacaembu sobre o time do Linense pelo placar de 5 a 1.

No profissionalismo se destaca a grande campanha de 1976, que levou o time do então presidente Romeu Ítalo Rípoli ao vice campeonato Paulista, com nomes como Nardela e Perrela. O presidente Rípoli é um caso a parte. Apaixonado pelo XV, em 1964 levou o time piracicabano a uma excursão pela Europa e Ásia, quando na época, somente os grandes times brasileiros excursionavam. O time visitou a Polônia, Suécia, Alemanha Ocidental e Oriental, Dinamarca e União Soviética.

O time manda seus jogos no Estádio Municipal Barão de Serra Negra. O nome foi dado em homenagem a Francisco José da Conceição, cidadão ilustre da cidade.

O mascote é algo especial. O time é conhecido como Nhô Quim, representa mais do que o time, mas é o símbolo do Piracicabano. Conta a história que Edson Rontani criou o desenho do caipira piracicabano em 1949 para a estréia do time na elite paulista. A equipe da Gazeta Esportiva, comandada pelo brilhante Thomas Mazzoni pegou a charge. Coube a Rocha Netto batizá-lo de Nho Quim e Nino Borges copiou os seus traços.

Nas décadas de 90 e de 2000, o time Piracicabano viveu uma crise que parecia interminável, frutos de parcerias desastrosas e de erros de administração de seus dirigentes, que levou o time a série A3 e durante um bom tempo fez do XV um sinônimo de derrotas e fracassos, sendo citado de maneira desrespeitosa pelos cronistas da época.

Mesmo assim, sem apoio municipal, sem dinheiro e sem parceiros o time continuou as suas atividades, graças ao empenho e a vontade popular de ter um time representando o profissionalismo, o time do XV enfrentou a crise sem pedir licença a FPF, sem cogitar uma mudança de sede ou qualquer outra ideia mirabolante que hoje em dia assombram os times das cidades desse interior Paulista.

O time aos poucos se reergueu, recorrendo sempre a sua Base, solução básica e somente adotada infelizmente quando não há mais outras. Uma vontade política e um bom investimento, somado a pessoas interessadas no crescimento do time fizeram com que o XV obtivesse dois acessos consecutivos em 2010 e 2011, chegando a primeira divisão.

A campanha foi difícil esse ano, mas o principal (o não rebaixamento para a série A2) objetivo foi atingido. Sem perder as suas origens, o Piracicabano decreta "VORTEMOS E FIQUEMOS!!!"  e entoam os gritos de sua torcida... 

Conquistas

1914,1920,1922,1930,1931,1933,1934,1937,1940,1944,1945,1946 - Campeão Piracicabano
1920,1922,1930,1931,1933,1934,1937,1942,1946  - Campeão Regional
1931  - Campeão Interior
1942 - Campeão Torneio Relâmpago da Cidade
1947 - Campeão do Campeonato Profissional do Interior
1948 - Bi-campeão do Campeonato Profissional do Interior (Acesso)
1949 - Campeão do Torneio Início da Federação Paulista de Futebol
1967 - Campeão do Campeonato Paulista Série A2 e detentor da Taça dos Invictos, com 25 jogos sem derrotas
1969 - Campeão do Torneio Brasil Central
1975 - Campeão do Torneio José Ermírio de Moraes Filho
1976 - Vice-campeão do Campeonato Paulista Série A1
1983 - Campeão Paulista Série A2
1984 - Campeão do Torneio Ray-O-Vac
1990 - Campeão do Troféu Ricardo Teixeira
1995 - Campeão Brasileiro da Série C
2008 - Vice-campeão Copa Paulista de Futebol
2011 - Campeão do Campeonato Paulista Série A2

Marcelo Alves Bellotti

sábado, 14 de abril de 2012

Copa União - Discussão e polêmica

Vi uma discussão acerca da Copa União de 87 sobre o título do Sport e do Flamengo. Para podermos falar sobre o assunto é coerente lembrarmos o que aconteceu. A CBF, do presidente Octavio  Pinto Guimarães estava afundada em dívidas e declarou que o Campeonato Nacional seria disputado em um formato regionalizado.

Isso não interessava aos clubes, que formaram o Clube dos 13 com a incumbência de organizar um campeonato. A associação era composta por Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco da Gama.

Esses clubes acrescidos de Coritiba, Goiás e Santa Cruz formaram o Módulo Verde, organizaram o campeonato, venderam suas cotas de televisão para a Rede Globo, conseguiram um patrocínio da Coca-Cola para os times que por incompetência de seus diretores não tinham patrocínio e garantiram as passagens aéreas graças a um acordo com Varig. Ainda apoiaram o evento a Editora Abril e a Dover.

No outro grupo, o restante... Sem acordo com a Globo ou garantia de patrocínio na camisa, o módulo amarelo foi jogado por  América-RJ, Atlético-PR, Atlético-GO, Bangu-RJ, Ceará-CE, Criciúma-SC, CSA-AL, Guarani-SP, Internacional-SP, Joinville-SC, Náutico-PE, Portuguesa-SP, Rio Branco-ES, Sport-PE, Treze-PB e Vitória-BA. 

O América-RJ boicotou o campeonato e resolveu não participar devido ao fato de não acreditar que haveria um cruzamento entre os módulos verde e amarelo ao final do campeonato.  

Lembrando que esse critério de disputa estava retirando do grupo principal as equipes do Guarani (Vice campeã brasileira de 1986) e do América-RJ (Terceiro colocado do mesmo campeonato). É bom lembrar também que o regulamento da competição só foi divulgado meia hora depois do início do primeiro jogo do Módulo Verde, entre Palmeiras e Cruzeiro, que estranhamente teve seu horário antecipado no mesmo dia do jogo.

Ou seja, o campeonato foi uma bagunça. Ao final, a determinação para que houvesse o quadrangular entre os dois melhores classificados do módulo Verde contra os melhores do módulo amarelo não ocorreu, Flamengo e Internacional se recusaram a disputar o quadrangular e perderam suas partidas por W.O. Sport e Guarani decidiram o quadrangular, que foi vencido pelo Sport. O time Pernambucano foi declarado campeão Brasileiro pela CBF e representaram o Brasil na Libertadores da América de 1988, enquanto que o Flamengo foi declarado campeão pelo Clube dos 13 e pelo CND.

Foi uma guerra de interesses, que em muito extrapolou os interesses do futebol. Empresas investiram pesado em um campeonato dos sonhos, sem rebaixamento e com estádios lotados. O Módulo amarelo era fadado ao fracasso.

O que fica para mim, são algumas conclusões:
1 - Em 1987 tivemos dois campeões brasileiros legítimos... um da CBF, o Sport e outro da Liga (Clube dos 13), o Flamengo.
2 - Não há sentido em entregar a "taça das bolinhas" (pertencente a CBF) a quem não disputou o torneio da entidade.
3 - Na guerra entre poderes, quem perdeu foi o futebol brasileiro, com a formação de oligopólios esportivos (que não ficam restritos aos clubes) e que mandam e desmandam nesse país a partir dessa época.

Marcelo Alves Bellotti

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A regra é clara?

Estive um período ausente desse espaço mas estou de volta. Um lance ocorrido na partida entre Criciúma e Atlético Paranaense me chamou a atenção. A partida terminou com a vitória do Atlético pelo placar de 2 a 1 mas o lance do gol de empate do Criciúma foi curioso.

Eram passados 19 minutos do segundo tempo quando o goleiro do time Paranaense foi tentar uma reposição de bola e foi "atacado" pelo centroavante do Criciúma Zé Carlos, que "roubou" a bola com um toque de cabeça e ficou a vontade para fazer o gol.



O lance ainda rendeu cartão amarelo para o goleiro do Atlético Paranaense. A bola veio para as mãos do goleiro do time paranaense em um possível recuo de bola. Lance polêmico? Talvez, porém quanto ao gol não pode haver duvidas. Foi um lance ilegal!

O auxiliar marcou a irregularidade, mas foi desautorizado pela arbitragem, que além de marcar o gol, tratou de mostrar cartões para jogadores do Atlético e pessoalmente foi afastar os jogadores que reclamaram da irregularidade.

Os mais antigos ficam inconformados com a regra... em outros tempos esse lance estaria de acordo com as regras do jogo. De acordo com a regra 12, o lance deveria ser invalidado pelo juiz, pois de maneira clara houve uma irregularidade, simples de ser marcada.

Porém há quem diga que regra não privilegia o gol e que o árbitro agiu errado. Certa ou errada a regra nesse caso é clara! E pede ao árbitro para anular o lance. 


O QUE DIZ A REGRA 12

- O goleiro não deverá manter a posse da bola em suas mãos por mais de seis segundos.

O goleiro estará de posse da bola:
- Enquanto a bola estiver em suas mãos ou entre sua mão e qualquer superfície (por exemplo: o solo, seu próprio corpo)
- Enquanto segurar a bola em sua mão aberta estendida
- Enquanto bater a bola no solo ou lançá-la ao ar
- Quando o goleiro controlar a bola com suas mãos, nenhum adversário poderá disputá-la com ele

Marcelo Alves Bellotti

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Paulistão: Desorganização e Incompetência

O Campeonato Paulista em suas séries A1, A2 e A3 de 2012 são dignos de serem esquecidos. Inchado e pessimamente organizado, o Paulistão tornou-se chato e modorrento.

Até 2010, a fase de classificação incluía apenas os quatro melhores  times do campeonato. O resultado era que pelo menos um time considerado grande ficava de fora. Normal, pois esses clubes tem outras prioridades no início do ano, como a Libertadores da América ou a Copa do Brasil. 

Porém os seus digníssimos dirigentes, inconformados com a perda das cotas de televisão pressionaram a Federação para garantir uma participação nas fases decisivas do campeonato.

Resultado: Oito classificados em 19 jogos, todos os grandes garantidos e faltam duas partidas para terminar a primeira fase. Fracasso total!

Na série A2, uma pressa exagerada, jogos a cada três dias e a definição da primeira fase já no terceiro mês do ano. Excetuando o Grêmio itinerante, que hoje está na cidade de Barueri que está na série B do Campeonato Brasileiro, as outras equipes não terão ouro campeonato para disputar até o final do semestre. 

Assim a Federação Paulista vai levando os seus campeonatos. E ficando cada vez mais rica, contrastando com os clubes que representa.

Marcelo Alves Bellotti